O teu lugar não é mais aqui

Embora não esteja mais aqui, tua memória ainda faz barulho nos meus dias. Desde que você foi embora, cada momento nosso foi cuidadosamente guardado em algum lugar de mim, bem fundo, na tentativa de que nada viesse mais à tona.

Por muitas vezes você voltou e eu tive que fazer uma força danada para me manter distante, mesmo com o corpo e coração gritando para estar perto. E mesmo achando que dessa vez não sentiria nada e conseguiria ficar imune a sua presença, te ver chegar fez de novo os meus sentidos ficarem sem controle. É como se o seu sorriso e o seu olhar se movimentassem em câmera lenta enquanto eu tento não pensar na vontade de ter você pra mim.

Ainda me lembro das últimas conversas e de te ver tão decido em realizar um sonho antigo. Quanto a mim, coube entender que dei um passo falso em direção ao sonho de querer viver essa história. Lembro da última vez em que minha boca encostou na sua, o toque das peles se misturando sem que nenhum esforço fosse preciso. Lembrei na intenção de te esquecer porque sei que depois você vai e eu fico só com tudo isso pra resolver. Mas sempre que você está aqui, tudo volta e esqueço de tudo que combinei comigo mesma.

Ontem à noite nos despedimos e te abracei por alguns minutos. Há quanto tempo não nos tocávamos… O seu calor passou instantaneamente para o meu corpo e, sem que você percebesse, eu fechei os olhos e tentei te sentir dentro do meu mundo, ignorando qualquer outra coisa que estivesse acontecendo ao redor. Os cantos das nossas bocas se aproximaram dentro do abraço e tentei fazer com que eles ficassem grudados, tentando controlar a vontade de te beijar e dizer pra você que sim, eu quero.

Quando finalmente te soltei, de guarda baixa e sem saber mais quem eu era, saí querendo voltar. Sei que de alguma forma você também sentiu tudo que estava dentro de mim. Eu te dizendo tanto com os olhos, querendo que você também gritasse que sim, você quer.

Você virou as costas e foi embora, levando junto todas as marcas que deixou em mim, toda a entrega que eu te ofereci, toda a vida que eu quis que fosse só sua.

Deitada, algumas horas depois, tentei encontrar o sono perdido no meio da presença que você fazia nos meus pensamentos. Você foi, mas fui eu que perdi. E já que vai de novo definitivamente, aproveita e leva embora todo o sentimento que deixou cair por aqui, todo desejo que reascendeu mesmo sem querer, todo o peso que fica no meu coração, todo espaço que seus movimentos ocupam em lembranças que, hoje, são apenas isso e nada mais.

Leva tudo embora e vai… O teu lugar não é mais aqui.

 


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Nossas noites

Um olhar profundo, especial… meus olhos se confundem com os teus.

Uma palavra doce dita na hora certa. Ou apenas silêncio, por não ser necessário dizer nada.

E no fundo do silêncio, minha respiração perdida na tua, rápida, ansiosa por tua boca, por teu toque.

Apenas ficar perto, coração acelerado no peito.

Se importar com pequenos detalhes.

Teu leve passar de mão no meu rosto, suficiente para me fragilizar, escorregando até segurar nos meus cabelos.

Teu riso tímido vem junto com o contorcer do teu corpo, causado por um leve sussurro ao pé do ouvido.

Ser tua dama na cama, enredando-te num beijo.

Meu homem parece menino por alguns segundos. E ora me faz mulher, ora me faz menina.

O entrelaçar das mãos, minhas e tuas: uma só!

Meu arrepio mais secreto, mais gostoso, quando sinto tua mão em minha barriga, em minha cintura.

Um toque suave, mas quente a ponto de fazer ferver o corpo todo.

Você se perde no desenho do meu desejo e apazigua tua vontade.

Amo-te. E cada parte minha quer se misturar a cada parte tua.

Nosso coração preenchido de muitos amanhãs…

Nós dois, fogo e mel. Próximos, juntos… um só!


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Carta ao amor de cores verdadeiras

Quando eu te encontrar, que seja da forma mais natural possível. Que a gente se reconheça num olhar, numa fala, num gesto, na surpresa do desconhecido que soa tão familiar. Que comece num café, num bar, numa esquina, numa festa, num aplicativo de celular, numa rua qualquer… Mas que comece no momento certo. Que a gente saiba que é pra ser, mesmo tendo sido por acaso que nossos caminhos se cruzaram. Continuar lendo Carta ao amor de cores verdadeiras

Drummonidades…

Articulações de idosos não se movem como outrora, ou como nós gostaríamos que se movessem. Principalmente no meu caso, que são feitas de bronze. Eu, Carlos Drummond de Andrade, resido agora (de 7 anos para cá), na praia de Copacabana. Pretendo expor-lhes algo que vem acontecendo comigo com certa frequência.

Na calada da noite, meus amigos, o mesmo larápio de sempre passa por aqui e rouba meus óculos! Meus óculos de bronze! Como eu gostaria de ganhar lentes de contato… O governo do Rio de Janeiro gentilmente repõe a peça, mas o larápio não tarda a voltar e me assalta! Continuar lendo Drummonidades…

(Amar)gura

Há quem diga que a capacidade de amar é sempre infinita. Eu me pergunto, até onde amei você? Quando penso, não enxergo os limites, não vejo as barreiras que existiam e vendei meus olhos para acreditar que amor por muito amor se basta. Mas a rotina é implacável, ela cobra atitudes para que os sonhos se mantenham vivos, e mais, que a gente faça por onde para tornar tudo realidade.

Desde o início te entreguei não só os meus sonhos, mas também meu coração. Entreguei os abraços, os beijos, os gestos, noites em claro para passar ao seu lado. Eu, que te amei tanto. Você, sempre raso. Dei mergulhos profundos em alguém que não tinha recipiente grande o suficiente para receber todo esse sentimento. Talvez seja o mal de quem não mede espaços e acaba com os estilhaços espalhados pelo chão. Continuar lendo (Amar)gura

Outro alguém

Todos os dias antes de dormir, os pensamentos lhe vêm à cabeça como um furacão de imagens… São tantas e tantas coisas. Se sente confusa, perdida. – Por que não consigo fazer dar certo? – A impaciência é grande dentro de si. Tudo está ali: o início, bons momentos, conquista, felicidade. Quando ele chegou, a encantou. Mudou sua vida como jamais esperava, a tratava de modo incomparável, o olhar era algo indescritível, o toque sensível era único. Ela estava completa e não precisava de mais nada. – Ele é tudo que sonhei!

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Quando bate aquela saudade…

Vez em quando bate saudade. Saudade do que a gente viveu e do que não pudemos viver. Uma história que só tem começo abre espaço para tantos “e se…”

E se a gente tentasse? E se esquecêssemos os medos e arriscássemos dar um passo para essa história? Eu sei que a sua escolha foi por outra pessoa, eu sei que sua escolha foi por uma suposta paz. Mas eu não me conformo em te olhar e não ver o brilho dos olhos que refletia em mim alguém pulsando sentimento por dentro.
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Sobre ser a incompletude do outro.

 

Esses dias ouvi algo sobre o amor verdadeiro se concretizar quando você aceita a incompletude do outro. Soou bonito aos meus ouvidos, e o primeiro pensamento que tive foi sobre nós. Quem tem mais incompletude do que nós?
Foi assim desde as primeiras conversas, os primeiros olhares, os primeiros toques, as primeiras brigas.
Eu sempre sonhei com alguém que me completasse, me aceitando exatamente como eu sou. Que trouxesse paz para a minha vida, tranquilidade, serenidade. Aí apareceu você… E você não era nada disso. Ao invés de paz, você trouxe bagunça; ao invés de tranquilidade, você trouxe tumulto. Me levou para novas coisas, novos lugares. Não me aceitou como eu sou, mas em conversas intermináveis nas madrugadas, me mostrou que posso ser melhor. Continuar lendo Sobre ser a incompletude do outro.

O caminho das ondas…

 

Você pode não ser o primeiro homem dela, pode não ser o último ou então o único. Claro que ela amou antes e pode ser até que ela ame de novo. A vida sempre foi feita de encontros e reencontros, de expectativas e frustrações, como já dizia o velho poeta: “Brigas podem acabar, porém a luta nunca”. E lá ele se viu, sentando na areia da praia com um coco na mão olhando o caminho das ondas após um dia tão cansativo de trabalho. E dentre seus inúmeros usuais pensamentos um lhe chamou a atenção e ficou se repetindo como se as ondas do mar estivem sincronizadas com tal repetição. E lembrou-se de um rosto. Continuar lendo O caminho das ondas…

De repente uma escolha.

 

Faz tempo que não ligo minha máquina de escrever imaginária, talvez porque ultimamente ando fugindo, fugindo… Alguém me disse uma vez que fugir não adianta nada, mas eu acho que pelo menos alivia o coração.
Não existe espaço, tempo, lugar. Não me encaixo em nada, nada se encaixa em mim. – Alice, volte para a toca do coelho e viva seu mundo de fantasia que estava bem melhor que essa dura realidade – Meu coração pede assim, discreto, que tudo volte ao normal, que a responsabilidade seja menos pesada. Difícil escolher e magoar quem sempre esteve ao seu lado.
Tomar decisões é algo que sempre foi mais difícil pra mim, não gosto que as coisas saiam do lugar. Mudanças são complicadas aqui na minha cabeça. Tudo que eu mais queria, de repente não quero por outros motivos. Continuar lendo De repente uma escolha.