Nos sorrisos e olhares que nos fazem voltar

“Teu olhar me tirou daqui…
Ampliou meu ser, quero um pouco mais!
Não tudo, pra gente não perder a graça no escuro.
No fundo, pode ser até pouquinho, sendo só pra mim, sim”.

Trecho de uma música que sempre me faz pensar em uma pessoa. E talvez ela nem saiba disso. Agora sabe. Continuar lendo Nos sorrisos e olhares que nos fazem voltar

É amor pra você acreditar

No silêncio de cada pensamento, é que coração grita.
Num batimento desacelerado, descompassado de tristeza.
E quando nada faz sentido, é que a poesia chama e as letras riem formando um deboche.
A alma de todo poeta é, no fim, triste. E assim compõe as mais belas estrofes.
E quando lá no fundo vem o grito de socorro, não tem jeito não, é com golpes no papel que espera resolver sua angústia.
Ela só queria que hoje tivesse sido diferente, rapaz. Continuar lendo É amor pra você acreditar

Quando escorre pelos olhos

Dá licença, posso sofrer sem que me encham o saco ou me chamem de menininha ou de ser humano frágil? Se me tirarem esse direito, viro só mais uma carcaça que trabalha, come, dorme e trepa. Eu não sei como é ser proibida de votar, usar calças compridas, trabalhar e escolher marido. Eu não faço ideia. Eu já nasci diva de cinema, camisinha na bolsa, motorista de carro e divorciada. Já sou presidenta, mas não disse que pagaria com felicidade. Ainda sinto pontadas melancólicas, que me obrigam a chorar de saciar baldes: o único jeito de contar pra mim quando estou triste, apesar do mundo que conquistei. Continuar lendo Quando escorre pelos olhos

De lua.

Você fuma? Diz que fuma, por favor. Eu tenho alergia. Tô tentando te estragar um pouco aqui antes de entrar nessa de cabeça. Exijo umas falhas tuas pra botar a insegurança em jogo. Quem sabe eu até desista antes de tentar. Mas sinto que agora é tarde demais. Você não tem cara de imperfeição. Tem cara de quem engole o choro. Destemido. Queria que você temesse tanto alguma coisa que fosse mais real perto de mim. Calma lá! Não é medo de comparação. Deve ter alguma aversão bacana que te faz pior que as outras pessoas. Se não tiver, eu invento, sei lá. Tô precisando mesmo achar alguma coisa estranha em alguma boa pessoa pra poder me projetar de novo dela. Continuar lendo De lua.

Quando as diferenças fazem toda a diferença

A gente vive repetindo um para o outro: “a gente é muito diferente”. E todo mundo que conhece um pouquinho de nós dois, diz a mesma coisa.
Foi naquela noite de domingo, em que eu estava deitada no seu peito, que as lágrimas rolaram porque eu me questionava em pensamentos. Você meio desconcertado, sem saber o que fazer, me acolheu nos seus braços e riu nervoso. Eu mais nervosa ainda, ri. E chorei mais. Emoção e razão juntas na mesma vibração. Até nisso a gente é diferente. E no que a gente não é? Arrisco a dizer que não fazemos nem o nosso próprio tipo. Continuar lendo Quando as diferenças fazem toda a diferença

Uma noite. Um não-juízo.

E que pra acontecer um beijo, foi fácil. Bastou o doce preferido dele, o tempo frio, a vontade dele de te esquentar.

Bastou você se encantar com a estante dele cheia de livros, pra ele te entrelaçar nos dedos, te tomar num abraço, te fazer perder o juízo.

E ele tinha um cheiro doce, que era só dele, que nem a mais refinada perfumaria haveria de ter. Te embriagou.
Ele se encantou por seus pezinhos, aos quais designou perfeitos. Beijava-os sempre.
E te tocava com a doçura do mel e a voracidade do fogo.
Vc insistia que o sorriso dele era digno de um criminoso, conquistador irremediável. E gostava quando ele abria mais sorrisos pra vc.
Era inspiração pros seus textos, pra sua imaginação, pros seus sonhos.
E sabia que eram tão dois quando estavam a sós.
E sabia também que era isso. E só. Sentia-se feliz assim por ambos.
E por isso repetia as doses. Bebia-o como se vinho fosse… Doce, se embriagando aos poucos, se curando do porre no dia seguinte. Ria sozinha do seu não-juízo…