Pra falar de saudade… Você.

Já é fim de Março. Os dias têm passado rapidamente. Feito lâmpada que se apaga na noite, feito ventania que antecede temporais, feito água que escorre forte no chuveiro indo embora pelo ralo enquanto tomo banho e penso em saudade. Tanta coisa me mantém ocupada e é difícil segurar o tempo por entre os dedos. Tempo… tão efêmero quanto sua permanência por aqui.

Pensando em saudade, o nome mais forte que me vem à cabeça é o teu. Vem junto com teu riso tímido no canto da boca, embrenhado no olhar safado que me atravessava por dentro, misturado no nosso abraço que deixava teu cheiro grudado em mim e fazia do teu corpo segunda pele.

Dizem as boas línguas que tua presença me iluminava e desde que você se foi, tudo ficou meio sombra aqui dentro.  Mas por fora eu tento dia a dia não lembrar, deixar no passado os dias em que pudemos ser apenas alma um para o outro. E corpo entregue também. Sinto falta daqueles poucos encontros, meio-carnais-meio-sentimento começado. Aquela coisa sem nome que parecia ser tanto. Sinto falta do teu tesão exagerado que só saciava quando encontrava abrigo em mim. Sinto falta do teu corpo abrigo-abraço, riso arquitetado, segurando meu mundo em você, mesmo sem perceber.

Não fomos, talvez, tudo que gostaríamos. O tempo correu depressa e me perdi entre seus pontos finais mal colocados e minhas vírgulas deixadas pelo caminho. Em textos de saudade, como esse, em seus retornos, tentamos rearranjar as pontuações dessa história mal resolvida que a gente largou em frases soltas. Não sei se te perdi, mas tenho certeza que em algum momento pertencemos um ao outro. Hoje, eu não sei. Em memórias reais do que não aconteceu, eu te escrevo pra não morrer dentro de ti e porque eu sei que seríamos mais. Não quero tomar-te dessa vida tão confortável e morna que escolheu. E também não largaria de ser tão minha pra ser tua em meio a tuas incertezas. Cada um aceita o amor que acha merecer.

Eu e essa minha mania de continuidades… Em meio as nossas pausas, tem sempre um sussurro pedindo pra recomeçar… Porque por mais que eu tente, tem sempre uma lembrança tua se materializando aqui, trazendo pros meus textos e pra minha vida essa saudade inacabada…


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Sobre intensificar-se..

É aquilo que faz com que o menos seja mais na maioria das situações. Quando intensificamo-nos, tudo dento de nós borbulha, entra em ebulição num curto espaço de tempo fazendo com que o que está controlado por um momento dentro, evapore sem que tenhamos tempo de segurar.
Um dia inteiro é uma vida inteira para os intensos. Nós não apenas queremos, mas queremos agora. Queremos tudo acontecendo forte, sob a nossa pele, ao alcance das nossas mãos.
Intenso é aquela voz ao pé do ouvido que pede urgência. Pede não, grita! É respiração acelerada exigindo esforços máximos. São olhares atentos aos mínimos detalhes. É não permitir que algo escape. São carícias entre as pontas dos dedos e mãos entrelaçadas segurando-se com força. São mãos que não se soltam. É viver pelo hoje. E pelo amanhã também, se ele chegar, já que os intensos não contam com isso.
Mas é necessário atenção: a intensidade faz com que sejamos tanto que muitas vezes tudo isso vai para os outros e esquecemos de intensificar-se por dentro. Para transbordar é preciso primeiro preencher-se de pequenas intensidades.
Nem todo mundo está preparado para borbulhar em fortes emoções. No meio do caminho há que se cuidar para não entregar-se demais a quem quer coisa de menos. Sim, há quem queira menos e é preciso aceitação e respeito para com estes. Deixemos que sigam suas estradas onde o tempo é de constante brisa. Façamos nós ventanias, mas tenhamos solidez interna para suportá-las e dividi-las com quem aceita de bom grado ventar fortemente conosco. Nós, os intensos, sabemos que depois de ventar sempre vem a tempestade; e depois raia o sol. Nós, os intensos, sabemos aproveitar, borbulhando, cada uma dessas fases. Vivemos -ebulindo- esperando pelo momento de arder quando o sol se abre em nós.
Depois podemos derramar-nos pura e intensamente em outro pote igualmente igualmente cheio. Os líquidos escorrerão livres e se encontrarão automaticamente chacoalhando-se no mar aberto dos sentimentos de quem pulsa, e não simplesmente bate..


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Que a gente já é, mesmo sem ser…

Que mistura é essa que dá, eu e você?

Só você não vê que a gente já é um, mesmo sem ser…

Que tem essa sintonia ligando minha janela com a tua

E toda noite faz teletransporte da nossa presença imaginada

E todo dia liga nossa alma, mesmo sem querer

Me fala do teu dia, como é que tá tudo aí?

Escuta da minha vida inteira, mesmo sem saber

Que eu guardei um monte de coisa nova só pra você

Abre a porta pra eu chegar de madrugada, inesperada

Vou te entregar meu coração e todo resto também

Deixa eu bagunçar um pouco do que você tem

Que é pra arrumar os teus dias e ser tua morada

Só você não vê que a gente já é um, mesmo sem ser…

Me beija, me olha, me cheira, se encaixa assim

Me tira do prumo, do sério, porque eu só faço te querer

Deixa eu ser correnteza derrubando teus nãos

E permita transformar em sins, sem ter que se proteger de mim

Eu venho sendo mais de uma, mais que eu

Só pra dar conta de preencher todos os teus muitos

Mas basta remontar, colocar em ordem pra ver

Que isso tudo já deu alguma coisa nossa

E que a gente já é um, mesmo sem ser…

Que a gente se come com os olhos

De perto, de longe, nos gestos, nas falas

E que, na verdade, quem precisa mesmo se proteger

Sou eu de você, dessa amizade-colorida inventada

Mas que no fim, a gente só tá pagando pra ver

Que eu já sou tua e você meu, meu bem

E que nós somos, somos sim um, mesmo sem ser…

Como é que se faz pra ter o teu amor?

Vou fugir do nó de nós que é pra você perceber

Que é pra você ter saudade e aceitar de uma vez

Porque é só olhar de outro ângulo pra ver

Que a gente já é um, mesmo sem ser

E que só você ainda não vê…


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Sobra tanta falta…

Ainda era de manhã e me embolei em meio aos cobertores tentando encontrar um jeito de me sentir protegida. A dúvida era se o frio que fazia vinha de fora ou de dentro.

Tem egoísmo que machuca a gente.

Aperto o travesseiro. Era pra gente ter acordado junto hoje. Foi estranho acordar com a sensação de que falta alguma coisa. Mas falta. Sempre faltou, desde que te conheci. Falta tempo, falta espaço. Falta querer. Ao mesmo tempo sobra tanto. Sobram as conversas tão boas, sobra aquela coisa de pele, sobra química. Sobram as risadas. Sobram os beijos que encaixam e os cheiros que ficam. Sobra a troca do olhar. Mais sobra do que falta. E falta o mais importante.

Eu sei. Desde o começo você disse que não poderia ser mais que isso. Eu disse também. Mas tem hora que a gente simplesmente sente. Tem hora que transborda e se perde o controle.

Eu sei. Foram poucas vezes. Suficientes para serem únicas no meio de tanta gente, no meio de tanta correria. No meio da loucura do mundo eu quis escutar a sua, quis te mostrar a minha.

Ando sozinha pela casa, escuto aquela música que você tanto gosta. Ela fala de amor sem medo. Que medo eu sempre tive de gostar de você, desde o começo! Lembra quando eu te disse sobre reciprocidade? Porque gostar sozinho transforma o sentimento em medo e dor.

Entro no carro, olho para o lado, você não está lá. Fecho os olhos só para ter o gostinho de imaginar e lembrar daqueles dois dias. Um em agosto, outro em novembro. Tem um gosto de cuidado e saudade. Tem gosto de sal na boca, que escorre pelo rosto. A saudade de quem a gente gosta sufoca, imaginando aquele cheiro que transforma qualquer lugar em abrigo.

Não teremos mais isso e é tão injusto. É injusto quando parece que temos tudo pra ser, mas não somos. Não conseguimos. Não nos doamos. Não nos entregamos.

Você escolheu a liberdade do que é líquido, passageiro, momentâneo. Eu tentei. Não consegui. Porque sou sólida, sou permanência. Não quero te dividir, nem que seja de forma casual.

Tem egoísmo que machuca a gente. Tem amor que não acontece que machuca a gente.

Eu poderia sentir culpa por me apaixonar pelos seus olhos grandes. Por me apaixonar pelo seu inconformismo por algumas coisas da vida e aquelas rugas na sua testa quando você joga os argumentos para o mundo transformando em verdades absolutas. Eu poderia, mas não vou. Eu sou mesmo dessas que ao lavar colheres de sobremesa, se molha da cabeça aos pés. Sou dessas que não te deixaria passar porque a vida é uma só, tempo é agora e amor depende só de nós. Sou dessas que te quis por você ser único aos meus olhos, mesmo sendo loucura, mesmo sendo pouco tempo, mesmo você dizendo que é complicado. Sou dessas de entrega. Mas também sou dessas que acredita que quando um não quer…

Não há erro ou acerto. Só a vontade de cada um, momento de cada um. Há quem caminhe com tranquilidade longe do afeto que temos a compartilhar. Há terrenos que não são férteis para que um possível amor floresça. Amor pode até ser entrega sem medo; mas o que não carrega reciprocidade não vinga. E tudo bem. Dói agora. Começa do zero. A vida do outro segue. A nossa segue.

Pra você tem o amanhã. Pra mim era o hoje. E tudo bem… O amanhã serve para curar as dores. O hoje era para preencher de afeto e abraços apertados. Tudo ficará bem.

O amor-próprio cura a gente. Tem amor que não acontece que cura a gente também.


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Almoço

Acordei pensando em você. Havia sonhado com detalhes da nossa última noite e me percebi molhada, desejando que estivesse aqui ao lado. Rapidamente mandei a mensagem e sugeri um encontro. Você aceitou. Pensei em satisfazer um pouco da minha vontade sozinha, mas não, quis guardar toda aquela vontade para quando estivéssemos juntos.

Toquei a campainha e sua voz grave soou de dentro da casa: – entra, o portão está aberto! Caminhei pela casa te procurando e depois de atravessar o longo corredor, lá estava você, na cozinha, vestindo um avental preto que contrastava com a pele branca à mostra, preparando o almoço. Mal passava pela sua cabeça que naquele momento minha maior fome era de poder comê-lo todo, devorando cada pedaço. Mas ainda não. Você me faria esperar mais, não por nada, mas porque tem aquele ar de homem maduro que não está com pressa. Sabe que, mais hora-menos hora, vai me ter nos braços pra fazer de gato e sapato.

A tarde era fria, chovia e as gotas batiam na janela como se gritassem para assistir nossa performance. A gente sempre começava no sofá vermelho e terminava na cama de lençóis pretos. Você me convidou pro sofá e eu já sabia que não aguentaria por muito mais tempo até estar totalmente entregue para fazer tudo que você quisesse.

Falávamos sobre tudo, desde os tempos e contratempos musicais até sua preferência por Freud e o quanto achava confuso ler Lacan. Movimentava a boca de lábios grossos e eu assistia sentindo como se estivesse tudo em câmera lenta. Sorria timidamente sem mostrar os dentes, com um quê de quem esconde algo dentro de si que só os raros podem acessar.

O silêncio chegou por alguns segundos e te beijei, afoita. Você me acalmava com os lábios, num movimento leve, como se sorrisse sadicamente por dentro assistindo minha pressa em tê-lo. Beijava como se o dia tivesse 186 horas. Tinha o toque firme quando segurava no meu rosto, deslizando a outra mão suavemente pela minha cintura, criando a tensão de que escorregaria para as minhas coxas e depois subiria sentindo o quanto eu o desejava.

Sussurrou no meu ouvido: – você não quer deitar ali na cama? Meu corpo inteiro sorriu pra ele dizendo sim! Subimos na cama enquanto ele me olhava nos olhos. Eu, fixa nos olhos dele, grandes, preenchidos de fogo.

Eu, esquecendo que sou dama, pra ser tua puta na cama! Tiramos as roupas devagar – ele o avental – e enquanto os seus dedos passeavam por todas as minhas linhas, eu te peguei e percebi o quanto seu pau estava duro, pulsando de vontade. Você me sentiu molhada, me jogou na cama e quis experimentar com a boca, sentindo o gosto do meu desejo. Massageava meus seios com as pontas dos dedos nos bicos enrijecidos em movimentos circulares que levavam à loucura, subindo a boca por todo meu corpo, dando voltas com a língua saciando seu prazer, me deixando inquieta de vontade. Me provocava com a língua quente, me chupava, mordiscava, enquanto minhas coxas trêmulas apertavam seu rosto pedindo urgentemente com o olhar que viesse pra dentro de mim. Você cedeu e me penetrou bem fundo, devagar, sorrindo maliciosamente enquanto me via derreter de tesão. E junto aos seus movimentos de vai-e-vem, eu rebolava s-a-f-a-d-a-m-e-n-t-e e sorria de canto de boca, me satisfazendo com cada pedaço teu escorregando dentro de mim, entrando e saindo, me fodendo, escutando os gemidos misturados à sua respiração acelerada, ritmada com a minha. Às vezes ficávamos em silêncio, e ao som da nossa respiração ouvíamos como estávamos melados de prazer e sorríamos satisfeitos. Eu deslizava as mãos pelas suas costas, agarrava no seu cabelo e quando estávamos o mais fundo possível você parou, lá dentro, nossos corpos implorando pra continuar… você me segurou dando volta no meu cabelo, nos olhamos por alguns instantes… e você calou meus gemidos num beijo molhado. Abri os olhos depois do nosso beijo e te vi recomeçar. Eu adoro te olhar enquanto você tá me fodendo. E eu sei que você gosta de ver o quanto tô gostando! Quando nossos corpos já estavam no limite, eu gozei em você inteiro, te sentindo ir até o fundo e permitindo que o teu prazer se misturasse ao meu, gemendo alto e te arranhando as costas, descontando toda essa espera que eu tava de você dentro de mim…

Quer saber? Vamos ali na cozinha… coloca de novo esse avental que eu não quero só ser tua puta de cama… Quero ser também tua puta de mesa!


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A minha renúncia de nós dois

O vejo e meu primeiro pensamento é sempre o de me questionar porque estou perdendo tempo reparando em alguém que nem admiro tanto assim. Percebo que até temos algumas poucas coisas em comum, mas que não justificam essa procura involuntária que meus olhos fazem sempre que ele passa.

Parece que foi ontem que meus olhos cruzaram com os dele pela primeira vez. Tinha um olhar forte e mesmo sem entender o porquê, me deixou sem graça, me forçando a desviar para o outro lado. Não demorou muito e pude vê-lo em movimento, falando e teorizando. No fundo eu achava uma graça a maneira com que contava histórias, tinha uma leveza ritmada na fala, um humor peculiar. Me perdia no conteúdo, às vezes, prestando atenção em cada movimento da sua boca e em como piscava os olhos grandes. Acordava do meu próprio delírio e me censurava por te olhar daquele jeito, desdenhando mais uma vez.

Foi de tanto vê-lo por aí, distribuindo o seu discreto charme com outras garotas, que me dei conta de que sentia levemente incomodada. Na verdade, até mais do que levemente. Ele me seduzia, até mesmo quando sequer me dirigia a palavra. E se me deixava assim sem nem falar comigo, certamente aquelas com que tem contato deviam estar completamente encantadas.

As semanas passavam e aquele sentimento foi tomando forma dentro de mim. Tínhamos um encontro marcado e ele nem sabia. Muitas vezes eu queria estar ali só por saber que iria vê-lo falar. Mas quanto maior a vontade de estar perto, mais eu negava para mim mesma. Ria por dentro do que eu sentia quando o encontrava por acaso nos corredores, um frio na barriga que me deixava meio tonta, meio adolescente, sem saber como agir. A verdade é que eu já não queria mais disfarçar o estranho desejo de querê-lo para mim.

Até que chegou a hora de admitir certas coisas, não para ele ou para o mundo, mas para mim mesma. Entender esses motivos que me levaram a questionar e negar esse sentimento que hoje é tão evidente e aceitar que durante todo esse tempo, tudo o que fiz foi me sabotar.

 Hoje me parece tão óbvio que olhei diferente para ele desde o primeiro dia, que chega a ser engraçado perceber o tamanho do esforço que fiz pra tentar me convencer de que ele não era alguém importante pra mim.

Que sorte a minha perceber em tempo e poder tê-lo comigo agora! Parecia irreal poder sentir tuas digitais passeando por mim e teus sentidos entregues aos meus, mas estava acontecendo. Eu não sei mais esconder a vontade de estar enrolada no teu abraço. Não sei mais fingir que quero tatear teus caminhos por todos os dias que puder e que desde que senti o gosto do teu beijo, tudo de você impregnou em mim. Eu simplesmente sou incapaz de continuar negando o desejo de me transportar para o mundo inteiro que mora em você, com todos os danos que possam existir dentro dele. Vem, que paz e afeto não vão te faltar! Que eu não consigo mais guardar essa coisa sem nome e sem explicação que acontece aqui dentro quando você está perto. Diz que quer nossas conversas raras em cada dia teu, pois cada palavra tua preenche cada dia meu. Diz que quer entrar no meu encaixe, porque eu não consigo mais esconder que foi esse querer que me fez despertar para a vida. Me aceita mesmo depois de confessar que por muito tempo eu não quis te querer apenas por medo de me entregar.

Garoto, desculpa minha confusão. Eu só queria te dizer com tudo isto que todos os meus nãos terminaram quando nossa história começou…


Esse texto foi escrito em parceria com meu amigo do coração Cauê Bonici, autor do blog Sintografia. Agradeço sempre por nossa sintonia incrível e por ter a honra de escrever com você, compartilhando nossas ideias sobre amores e relacionamentos. Obrigada por mais esse! Que nossas conversas de bar sempre rendam ideias lindas como a desse texto!

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Ensaio sobre ela

Ela foi vista chorando à noite. Caminhava pela rua segurando mochila, bolsa, chave do carro, celular, meio atrapalhada e sem saber para onde ir. Tentava se equilibrar entre as coisas que segurava e tantos sentimentos que explodiam dentro do seu peito. Não queria voltar para as mesmas coisas e lugares.

Ela é tão bonita. Tem algo simples e ao mesmo tempo grandioso no olhar, tem a pele clara dos dias ensolarados e a intensidade das noites de lua cheia nos gestos. Tem o dom das palavras, fala de poesia e teorias sobre como o amor deve ser.

Há tanto tempo eu já a conhecia. Sabia tudo que ela tinha vivido, histórias de amor pesadas em que ela tentava sustentar o mundo dos outros nos braços. Se doava, amava seus amores mais que a ela própria. Talvez por isso, no fim, ela ficava só. Se entregava até o limite para depois deixá-los ir, melhores, maiores, para que suas vidas seguissem e com esperança de que a dela também.

Ela acredita no amor. Um amor puro em que é possível viver sem mentiras e jogos. Ela acredita em entrega, reciprocidade, profundidade. Ela não quer esses amores líquidos e superficiais que são bonitos só nas redes sociais. Ela quer intensidade.

Se ela soubesse o quanto é incrível… ela tem um jeito de menina-mulher, jeito leve de viver que beira uma ingenuidade encantadora; mas quando fala, age, se movimenta, mostra uma força absurda e me faz querer correr os caminhos todos ao lado dela. Ela é do tipo que sorri com olhos, apertadinhos, que chegam a brilhar de tanta emoção que passam. Se ela soubesse que tem alguém, perdido nesse mundão, que trocaria a eternidade para passar todas as noites ao seu lado, entrelaçado em suas pernas grossas, misturando os corpos para depois dormir com ela repousando em seu peito, protegendo a do mal do mundo e mostrando que tudo que ela um dia sonhou existe. Se ela soubesse se amar mais, enxergaria a mulher maravilhosa que é…

Tantos meninos já cruzaram o seu caminho… mas eles eram egoístas demais para enxergar o diamante precioso que ela é. Eles eram pequenos demais para oferecer a ela esse amor sem medidas e amarras que ela tanto precisa. Eles eram vazios demais para entender que o amor que ela oferece não é só para preencher, mas é para transbordar e mostrar cores que eles jamais viram.

Então, menina, pare de chorar! “Gasta tudo no papel e tira a tristeza de dentro do olhar. Permita sentir no peito o calor que se forma depois de você se curar de si. Levante essa cabeça, não olhe pra trás! Não faça comigo, menina, o que a tristeza contigo faz…”*

O mundo está estendido em tapete vermelho pra você passar! Levante a cabeça e se permita enxergar os olhos de quem tem tanto amor pra te dar. Olhe pra dentro primeiro pra se perceber. Olhe ao redor, sem seus medos, e permita que a vida te presenteie com o que você merece. Você simplesmente se perdeu, mas ainda dá tempo de se reencontrar…


* Frases retiradas da música “Levante a Cabeça”, de Guga Pine
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Picnic

Me chama! Chama pra sua casa, pro seu beijo, pro tapete da sala;

Chama para as horas intermináveis de conversa, pro sofá baixinho, pra comer chocolate;

Chama pra ouvir suas histórias, pra virar a noite, a tarde de domingo chuvoso; pra virar tua vida do avesso;

Chama pra te esquentar no frio, pra ouvir passarinhos de verão, pra inventar um segundo sol no inverno;

Eu vou! Pra sentir tua pele, pra sentir teu gosto, pra te descobrir;

Eu vou porque quero juntar minha boca na tua, entrelaçar nossas mãos, te ouvir cantar numa madrugada qualquer;

Eu vou pra me jogar no teu lençol escuro, pra fazer sonho realidade, pra molhar tuas cobertas do nosso suor;

Vem! E me deixa ser teu encaixe, tua nova letra, tua melodia; teu frio na barriga;

Vem! Que eu quero me refletir nos teus olhos grandes, desenhar tua boca com os dedos, juntar meu nariz com o teu;

Vem! Que eu vou passar as mãos nos teus cabelos, acariciar tua barba, envolver tua bagunça;

Me deixa entrar! Larga esse portão escancarado, sem cadeado, a porta destrancada;

Me deixa entrar nos teus danos, nos teus planos, arruma espaço pra mim nos teus sonhos;

Me deixa arrancar tua metade, te querer inteiro, ter minha metade de volta, satisfazer teus desejos;

Me chama! Eu vou! Vem! Me deixa entrar!

Não julgue que é cedo, deixa de lado os medos, vamos ser sins no lugar dos nãos!

Mistura tua loucura na minha, contradiz minha sanidade, tô pronta pra você em mim.


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Humanamente Vendaval

Já é de manhã e o pensamento não para de trazer seu rosto. De tantas coisas e pessoas que passam pela nossa vida, algumas simplesmente permanecem com mais força. Não sei de onde você veio, o que moveu sua vida até aqui, qual a sua história e o que faz seus olhos brilharem no mundo. Mas sei que te vi naquela tarde e imediatamente cintilou um brilho diferente em mim. Me pegou numa distração, pareceu tão intocável naquele pedestal distante. Tinha o olhar perdido no meio da multidão, mas ao mesmo tempo tão compenetrado no que fazia. E mesmo sem me olhar diretamente, soprou para dentro de mim uma vontade de te experimentar, de entender o mistério embaixo dos cabelos encaracolados e da barba cheia de estilo, dos olhos grandes e sorriso largo que parecem querer abraçar o mundo, cheios de poesia e doçura.

Como explicar esse sentir por alguém que vi uma única vez? Tem gente que chega e não arreda mais pé de dentro, mesmo sem querer, causa um reboliço bom na alma e não dá mais pra arrancar. Vem feito ventania brava e arrasta tudo junto, indomável, ser de lua em suas tantas fases, que desconcerta e me deixa sem saber o que fazer para conseguir que venha para perto, que possa ser meu apenas para me dissolver em pedaços de você.

Foram tantos acordes me penetrando, mas de forma tão fria que minha solidão quis segurar você. Quis te mostrar que é melhor a dois em qualquer embalo, mas se formos nós.

Algo me diz que você é meu próximo erro. E mesmo assim eu quis. O que antes estava tão longe, agora estava ao meu lado, mas tão intocável quanto. Era como sonhar com um oásis em meio ao deserto, sem chance de matar a sede. O timbre da sua voz doce ecoava dentro de mim como se quisesse arrancar toda a minha roupa, sentindo minha respiração descompassada sem saber exatamente o tom para o seu ritmo, desejando que essa canção fosse sobre nós.

E quando eu já não acreditava mais, depois de sentir de perto sua respiração quente com o meu corpo implorando para que você quisesse, você quis. Eu ainda desconcertada, reagi ao seu toque e tentei me refazer depressa para conseguir me entregar do jeito mais especial pra você. Não precisei me esforçar muito, nosso encaixe se deu meio afoito, meio novo, meio nervoso e meio brusco, mas cheio de perfeição dentro do quanto eu te queria. Dentro do medo de te transpassar, estavam meus beijos em busca de te sentir em cada linha do teu contorno, meu toque firme e aflito desejando que cada parte sua absorvesse toda parte minha.

Ouvi no que você cantou algo sobre o que se sente entre o insano e o essencial. Acho que é exatamente assim que eu tento te descrever no meio das minhas palavras soltas que procuram suas entrelinhas para desvendar. Eu até que gosto de um tumulto, mas como fui ficar assim por alguém que eu nem conheço e já fez tanta bagunça?

Senti falta da ideia que é você, mas tive medo de te dizer. Sinto vontade de te virar do avesso e mostrar que posso ser letra das tuas novas canções. Mas como ser a composição de alguém que parece ter o coração tão livre, mas ao mesmo tempo cheio de tanto sentimento guardado, como um diamante precioso esperando para ser lapidado?

Aprendi que bons vendavais só se transformam em calmaria quando estão livres para seguirem a direção que quiserem… E que bom seria se você escolhesse ventar com toda sua vida aqui dentro de mim…


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Primeiro encontro

Foi assim, você apareceu como mágica. De um jeito que eu nunca esperei conhecer alguém, apareceu você. De cara, o olhar das fotos foi o que mais me atraiu. Tinha alguma coisa ali que dava vontade de desvendar, um mistério diferente que se escondia também atrás da barba contornando a boca tão bem desenhada. Fiquei alguns minutos fixada nos traços perfeitos do seu rosto imaginando se quando estivesse perto, sentiria tudo que as fotos sugeriam.

Enfim te vi e estava tudo comprovado ali. Você era do jeitinho que eu pensei e ainda tinha um cheiro bom que as fotos não me deixaram sentir. Enquanto contou sua história, meu olhar se dividia entre seus olhos e o movimento da sua boca. Meu pensamento estava concentrado nas suas vivências e ao mesmo tempo se perdia em alguns instantes imaginando onde é que você estava até agora… e que bom que chegou!

Conversa vai, vem… as horas passaram tão rapidamente que nem notei. O silêncio se estabeleceu por alguns segundos e por dentro eu só pensava em quanto estava desejando experimentar seu beijo. Talvez tenha sido neste momento em que seu desejo se juntou ao meu. Não sei precisar exatamente, mas logo em seguida me dei conta que estava envolvida nos seus braços que me buscavam, tentando conhecer cada pedaço. Senti meu rosto corando e já não sentia mais o frio intenso daquela noite, só sentia o calor do beijo que se encaixou tão perfeitamente no meu. E foi um longo e bom encaixe… acompanhado da nossa respiração acelerada e dos outros beijos que passaram pelo pescoço.

Quando finalmente tomamos coragem e nos soltamos, recebi de você um olhar surpreso junto com seu sorriso. Você sorriu e eu senti vontade de colocar meu mundo no teu riso doce.

E depois foram toques, foram nossos gostos um no outro e muita vontade de estar junto mais uma vez.

Ainda lembro de encostar a cabeça no seu peito e de como brincava com a minha orelha enquanto conversávamos um pouco mais. De achar engraçado as cócegas que fiz na sua barriga e de deixar de prestar atenção no que você dizia tentando entender tudo aquilo que estava acontecendo e o que me levou a permitir tanta entrega para quem eu acabei de conhecer. De como estar com você me encorajou a vivenciar algo que eu nunca tinha feito sem pensar em nada que estava ao redor.

Não dá pra prever o que vem agora. Ainda não sabemos para onde vamos com tudo isso e se foi realmente o destino que brincou com esse encontro para que chegássemos um ao outro e permanecêssemos. Só sei que tem sido bom preencher meus dias de você e imaginar que você também quer provar um pouco mais de mim…


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